quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ricardo Rocha "Resplandecente" no JL


* pequenos esclarecimentos: 1) ao contrário do que escreveu Manuel Halpern, Ricardo Rocha não é filho, e sim neto, de Fontes Rocha; 2) também outra frase - "o guitarrista chegou à conclusão que ninguém estaria mais apto a interpretar as suas peças do que ele próprio e acabou por regravar as guitarras uma sobre a outra" - sugere o seguinte reparo: Ricardo Rocha decidiu gravar o quarteto sozinho quando se deparou com a impraticabilidade (essencialmente logística) de o fazer de outro modo, mas chegou a mencionar o assunto a outros guitarristas que obviamente considerava aptos; 3) Halpern considera que Rocha "não se liberta do estereótipo do instrumentista-compositor, que é um conceito típico da música popular e invulgar na música erudita e/ou contemporânea", e que "[...] a composição fecha-se no compositor-intérprete, deixando pouca margem de manobra para reinterpretação, ou releitura como é prática na música erudita". Quanto ao primeiro raciocínio, a história da música desmente-o; isto é, a tradição é a inversa: foi no contexto da música erudita que o compositor se afirmou também enquanto intérprete e no da música popular que o conceito de autoria de esfumou em prol das capacidades expressivas dos intérpretes; relativamente ao segundo, não se entende bem porque terá de assim ser: de acordo precisamente com a prática na música erudita, os 'quartetos' estão devidamente escritos em pauta e qualquer conjunto de quatro guitarristas os poderá tentar obter junto do compositor.