terça-feira, 29 de julho de 2008

David Axelrod - Seriously Deep

Edição:él





Havendo “drogas certas” e “drogas erradas”, é óbvio que o Miles Davis da primeira metade dos anos 70 só tomou das segundas. E, naturalmente, não será por isso que a musa lhe sorriu de forma mais tímida. Eu te saúdo Selim Sivad. Mas no momento do grande “apagão” (1975), chegou ainda luz suficiente às fundações de uma estrutura suportada por Zawinul, Corea, Hancock, Shorter, Maupin, Jarrett, Bartz, Hermeto, McLaughlin, Sharrock, para que ninguém perdesse o norte. “Survival of the Fittest” foi disso perfeito manifesto ou, entre dezenas de outros exemplos, aquilo que Bob James fazia, nos seus segundo e terceiro ensaios na CTI, sugeria também que entre o endurecimento da ala loft-NY (Rivers, Braxton, Ware, Murray, etc) e o freak-out comunitário pós-AACM (na Strata East, Black Jazz, etc), haviam os que, relutantes em caminhar rumo à luz no fundo do túnel, preferiam antes o próprio túnel. “Seriously Deep” é a festa dentro do túnel, organizada por um sobrevivente que havia antecipado Selim e que sempre esteve “Miles Away”. Mas os convidados espirituais (Gil Evans, Morricone, Sly Stone, Zappa), tinham, ainda assim, saudades de Miles.