Quando em Outubro de 2007 surgiu “One!” – o primeiro disco de João Lencastre enquanto líder – falou-se necessariamente de comunhão. Ainda para mais, a sua ideia de colectivizar o projecto numa Communion tinha óbvios reflexos na sua música. Porque se partia efectivamente de uma partilha de valores assentes em princípios unificadores para logo se avançar rumo ao desconhecido. A metáfora, claro, não era nova no jazz. Até porque nele se pressupõe tantas vezes a igualdade entre quem “comunga”. Mas o resultado esteve longe de se tornar previsível. Num inesperado testemunho, Bill Carrothers, André Matos, Phil Grenadier e Demian Cabaud, ainda que sem comprometer o exercício, assumiam trajectórias mais divergentes que coincidentes. Aliás, essa indefinição acabou por se tornar na grande mais-valia do CD. Os temas fluíam livremente, sem constrangimentos formais ou conceptuais, entre a memória e o momento (reviam-se standards de Ornette e Hubbard, por exemplo, ao mesmo tempo que se adaptava uma canção de Björk), fortemente marcados pela personalidade dos seus intérpretes, prestando-se quase naturalmente às tendências elípticas do pianismo de Carrothers.
Agora, não será por acaso que João aparece com um “B-Sides”. Porque não sendo negativo de “One!”, poderá dizer-se que as maiores qualidades deste segundo disco são precisamente as menos evidentes no primeiro: definição e coincidência de vozes. E a comunhão, pretendida de início, parecia depender deste elenco: Leo Genovese, Phil Grenadier, David Binney, Thomas Morgan e Jeremy Udden. Mas não se pense que “definição” implica tocar só dentro do tracejado. Sim, esta banda é mais banda, mas não avança por um caminho menos exploratório. Há é uma abordagem nova, mais luminosa e assumidamente virada para fora. Isto, não dispensando uma certa atmosfera de mistério, comum, por exemplo, àquela obtida nos grupos para os quais compôs Wayner Shorter. É um sinal de maturidade deixar o melhor para o “lado b”. E João não pára de crescer.
Nas suas palavras: “Gravámos em Nova Iorque. E não podia perder a oportunidade de incluir alguns dos meus músicos preferidos. Da formação original mantive o Phil e o Leo [relembre-se que Carrothers havia sido uma substituição de última hora na sessão de gravações de “One!”]. Depois, pensei logo no Thomas Morgan para o contrabaixo – já o conhecia pessoalmente há uns anos, mas só tínhamos tocado uma vez; adoro a sua musicalidade, o seu som, a forma em como se envolve com a música. E todos sabem o quanto admiro David Binney – é um grande amigo. Temos tocado muito ao longo dos anos e pensei em convidá-lo para um tema – acabou por ficar para quatro! E adoro o som do soprano do Jeremy Udden. Aliás, quando escolhi a balada (“Pete Best”, do Steve Swallow), pensei imediatamente nele.
Para este álbum escolhi vários dos temas que foram gravados. Os momentos de improvisação colectiva surgiram sem ser preciso falarmos sobre isso. Aliás, em toda a gravação nunca foi preciso trocar muitas palavras. Ensaiámos e tocámos em menos de quatro horas. Era fazer dois ou três takes e seguir. Aliás, no disco acabaram por ficar mais os primeiros takes – soavam mais orgânicos e espontâneos.
Pensei num disco com bastantes contrastes, desde momentos muito intensos (como em “Fiasco”, de Paul Motian, ou no meu “3 Estados”) até momentos tranquilos e com bastante espaço (a versão de Swallow, as improvisações “Spacy Atmosphere” e “Spicy Atmosphere”). Pode ser consequência de ouvir e gostar de tanta música diferente (todo o jazz, rock, música clássica, tradicional, etc).”
Agora, não será por acaso que João aparece com um “B-Sides”. Porque não sendo negativo de “One!”, poderá dizer-se que as maiores qualidades deste segundo disco são precisamente as menos evidentes no primeiro: definição e coincidência de vozes. E a comunhão, pretendida de início, parecia depender deste elenco: Leo Genovese, Phil Grenadier, David Binney, Thomas Morgan e Jeremy Udden. Mas não se pense que “definição” implica tocar só dentro do tracejado. Sim, esta banda é mais banda, mas não avança por um caminho menos exploratório. Há é uma abordagem nova, mais luminosa e assumidamente virada para fora. Isto, não dispensando uma certa atmosfera de mistério, comum, por exemplo, àquela obtida nos grupos para os quais compôs Wayner Shorter. É um sinal de maturidade deixar o melhor para o “lado b”. E João não pára de crescer.
Nas suas palavras: “Gravámos em Nova Iorque. E não podia perder a oportunidade de incluir alguns dos meus músicos preferidos. Da formação original mantive o Phil e o Leo [relembre-se que Carrothers havia sido uma substituição de última hora na sessão de gravações de “One!”]. Depois, pensei logo no Thomas Morgan para o contrabaixo – já o conhecia pessoalmente há uns anos, mas só tínhamos tocado uma vez; adoro a sua musicalidade, o seu som, a forma em como se envolve com a música. E todos sabem o quanto admiro David Binney – é um grande amigo. Temos tocado muito ao longo dos anos e pensei em convidá-lo para um tema – acabou por ficar para quatro! E adoro o som do soprano do Jeremy Udden. Aliás, quando escolhi a balada (“Pete Best”, do Steve Swallow), pensei imediatamente nele.
Para este álbum escolhi vários dos temas que foram gravados. Os momentos de improvisação colectiva surgiram sem ser preciso falarmos sobre isso. Aliás, em toda a gravação nunca foi preciso trocar muitas palavras. Ensaiámos e tocámos em menos de quatro horas. Era fazer dois ou três takes e seguir. Aliás, no disco acabaram por ficar mais os primeiros takes – soavam mais orgânicos e espontâneos.
Pensei num disco com bastantes contrastes, desde momentos muito intensos (como em “Fiasco”, de Paul Motian, ou no meu “3 Estados”) até momentos tranquilos e com bastante espaço (a versão de Swallow, as improvisações “Spacy Atmosphere” e “Spicy Atmosphere”). Pode ser consequência de ouvir e gostar de tanta música diferente (todo o jazz, rock, música clássica, tradicional, etc).”