sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Bill Carrothers "Home Row"

Poucos terão dado por ele antes de “The Blues and the Greys” (1997) e “After Hours” (1999), e de facto só agora chega a prova de que as referências a uma primeira obra perdida no tempo (“Artful Dodger" de 1987) não iriam para sempre esgotar preâmbulos biográficos ávidos de factos. Tudo porque ainda admirava que um pianista que nos seus anos de formação acompanhou ao vivo gente como Buddy DeFranco, Curtis Fuller, James Moody, Dewey Redman ou James Spaulding tivesse demorado tanto a chegar a estúdio. O gesto não terá sido calculado, mas contribuiu para uma reacção crítica pronta a celebrar nada menos que uma aparição. E a ideia de que ouvi-lo ao piano era como presenciar uma sessão espírita foi-lhe deixando pouca margem de manobra. Carrothers reagiu com humor – e da solenidade de quem dançava por entre fantasmas (não só os da Guerra Civil Norte-Americana, que revisita frequentemente, como em “Civil War Diaries”, de 2005) passou sem passar pela casa de partida à celebração de um sentido prático que por pouco não o reduziu a funções estritamente espirituosas (como em “Keep Your Sunny Side Up”, de 2007). Mas o passar dos anos revela-o mais consistente do que o permitido por uma leitura disco a disco. E eis que, por conselho de Marc Copland a Jason Seizer, o saxofonista que cumpre funções de Director Musical da Pirouet, surge agora esta sessão com inexplicável data de 1992. Dizer que está entre mundos nunca fez mais sentido. Ouçam um pouco de “Lost in the Stars” (original de Kurt Weill) aqui. Gary Peacock e Bill Stewart distinguem-se naturalmente por uma delicada inteligência que, neste contexto, só reforça o complexo e intenso nível de comunicação esperado em trios de jazz. Carrothers – invariavelmente caracterizado por etéreo – deixa a sua languidez para segundo plano (nota-se sempre nas espirais com que vai sensualmente fugindo aos temas) e produz uma refrescante marcação mais presa à letra do que de costume. O nível de energia, estímulo e emoção só por acidente não se tornou canónico. O New York Times diz que não fica melhor do que isto… e é capaz de ter razão.

Não, não é o Conan O'Brien. Visitem a música de Carrothers aqui e digam olá à família aqui.