"Quando em 2007 lançou Mudar de Bina pela Bor Land, o nome de Norberto Lobo passou a andar pelas bocas de muitos, visivelmente encantados pela musicalidade de um guitarrista que não coloca a técnica à frente do conteúdo. Isto não quer dizer que Norberto Lobo não seja prodigioso na guitarra (porque até o é), mas sim que as suas preocupações principais e prioritárias são outras. São por exemplo recriar um certo imaginário tradicional português (algo evidente nas melodias e no sentimento global do disco) e de, assumidamente ou não, o fundir com a genialidade de guitarristas fingerpickers americanos como John Fahey e Robbie Basho. Agora, no segundo conjunto de canções, intitulado Pata Lenta, Norberto Lobo repete o brilharete.
Quis Norberto Lobo que o disco começasse precisamente com o tema-título do disco e a escolha não poderia ter sido mais certeira. “Pata Lenta” começa sombria e tremida mas agiganta-se a cada momento que se segue: ganha cor, ganha movimento e tudo se alinha na perfeição. Sozinho na guitarra Norberto Lobo não parece solitário; parece convidar a uma celebração interna, a uma explosão dos sentidos. Norberto Lobo parece viver em paz consigo mesmo apesar da entrega necessária para a criação de um disco deste género. Há logo depois de “Pata Lenta” a apressada “Ayrton Senna”, que foi impressionando nalguns concertos ao vivo de Norberto Lobo, a querer tornar ainda mais real a chamada para a comemoração aproveitando para isso as mais vivas colorações possíveis.
Há muito neste disco das ruas portuguesas, da ruralidade, do Portugal profundo. Dos campos e montes, das vindimas e desfolhadas, dos ventos e marés. Há uma portugalidade que não pode deixar de se elogiar. Há um homem obcecado pela melodia e com a habilidade suficiente para a aplicar em guitarras que estremecem com a sua vontade. Mas há muito mais do isso. Há por exemplo uma canção como “Sra do Monte” que se desdobra em esforços para ser intensa numa evolução interna que enternece, num jogo de sombras e luzes que deixa marcas ao longo do caminho. Ou até uma versão deliciosa para “Unravel” de Björk que descobre na islandesa surpreendentes genes portugueses. Finalmente, há em Pata Lenta um disco que consegue o difícil: ser melhor que Mudar de Bina. Mais até, note-se: consegue ser um dos melhores discos portugueses que esta década teve a sorte de receber".
Quis Norberto Lobo que o disco começasse precisamente com o tema-título do disco e a escolha não poderia ter sido mais certeira. “Pata Lenta” começa sombria e tremida mas agiganta-se a cada momento que se segue: ganha cor, ganha movimento e tudo se alinha na perfeição. Sozinho na guitarra Norberto Lobo não parece solitário; parece convidar a uma celebração interna, a uma explosão dos sentidos. Norberto Lobo parece viver em paz consigo mesmo apesar da entrega necessária para a criação de um disco deste género. Há logo depois de “Pata Lenta” a apressada “Ayrton Senna”, que foi impressionando nalguns concertos ao vivo de Norberto Lobo, a querer tornar ainda mais real a chamada para a comemoração aproveitando para isso as mais vivas colorações possíveis.
Há muito neste disco das ruas portuguesas, da ruralidade, do Portugal profundo. Dos campos e montes, das vindimas e desfolhadas, dos ventos e marés. Há uma portugalidade que não pode deixar de se elogiar. Há um homem obcecado pela melodia e com a habilidade suficiente para a aplicar em guitarras que estremecem com a sua vontade. Mas há muito mais do isso. Há por exemplo uma canção como “Sra do Monte” que se desdobra em esforços para ser intensa numa evolução interna que enternece, num jogo de sombras e luzes que deixa marcas ao longo do caminho. Ou até uma versão deliciosa para “Unravel” de Björk que descobre na islandesa surpreendentes genes portugueses. Finalmente, há em Pata Lenta um disco que consegue o difícil: ser melhor que Mudar de Bina. Mais até, note-se: consegue ser um dos melhores discos portugueses que esta década teve a sorte de receber".