Davide Pinheiro entrevista Tó Trips:
Podemos dizer que este é o teu primeiro álbum a solo?
Sim, e o meu primeiro disco a solo porque sou eu sozinho a fazê-lo. Nasceu porque precisava mesmo de tirar este disco cá para fora. É uma dedicatória à minha mulher que aparece na capa e é um disco que resulta de viagens. Ela trabalha em som e tal como eu é uma pessoa que gosta de viajar. Quando nos conhecemos, viajávamos e percebemos que eramos compatíveis. Sou uma pessoa muito romântica.
Podemos dizer que este é o teu primeiro álbum a solo?
Sim, e o meu primeiro disco a solo porque sou eu sozinho a fazê-lo. Nasceu porque precisava mesmo de tirar este disco cá para fora. É uma dedicatória à minha mulher que aparece na capa e é um disco que resulta de viagens. Ela trabalha em som e tal como eu é uma pessoa que gosta de viajar. Quando nos conhecemos, viajávamos e percebemos que eramos compatíveis. Sou uma pessoa muito romântica.
Mas és um romântico diferente...
Sim, é um romantismo imagético que remete para o sonho.Há uma ideia de partilha, de liberdade. Eu sempre gostei de olhar para a linha do horizonte. Sempre viajei desde o tempo do Interail. Sou bastante observador e curioso por conhecer coisas. O disco é resultado isso e da necessidade de ouvir outras músicas.
Foi por isso que deixaste o rock após o fim dos Lulu Blind?
Sim. Quis ir buscar outras coisas. Gosto de rock e não me importava de ter outra banda mas sou uma pessoa curiosa e a minha mulher também. Ela também me está sempre a passar música nova.
E porquê a guitarra clássica?
Queria um disco instrumental com guitarra clássica. Comecei a ouvir flamenco e a interessar-me por esse tipo de sonoridade. É uma experiência. Gosto de desafios novos.
A técnica passou a ser mais importante para ti do que no passado?
Hoje em dia dou mais importância à técnica mas acima de tudo está a atitude. Tenho mais técnica do que há dez anos mas tento sempre pegar na guitarra como se fosse a primeira vez. Costumo dizer que sou guitarrista e não músico porque exploro o instrumento até ao limite. Toco imenso tempo sozinho. Foi uma das razões que me levou a preparar este disco.
Estas composições não poderiam fazer parte dos Dead Combo?
Não, porque estive a trabalhar sozinho. Depois gravei tudo durante uma semana. Os Dead Combo envolvem outra pessoa. Posso compor sozinho mas depois mostro ao Pedro (Gonçalves).
Não, porque estive a trabalhar sozinho. Depois gravei tudo durante uma semana. Os Dead Combo envolvem outra pessoa. Posso compor sozinho mas depois mostro ao Pedro (Gonçalves).
E estás sempre a trabalhar...
Farto-me de trabalhar mas não sou workaholic. Ando um bocado saturado. Apetecia-me ir de férias mas sou uma pessoa feliz que faz o que gosta. Como é que eu consigo? Exige uma grande organização mental e de calendário. Como trabalhei vários anos em publicidade, habituei-me a ter prazos. Não sou pessoa de deixar andar mas claro que trabalho muitas vezes à noite.
Farto-me de trabalhar mas não sou workaholic. Ando um bocado saturado. Apetecia-me ir de férias mas sou uma pessoa feliz que faz o que gosta. Como é que eu consigo? Exige uma grande organização mental e de calendário. Como trabalhei vários anos em publicidade, habituei-me a ter prazos. Não sou pessoa de deixar andar mas claro que trabalho muitas vezes à noite.
O trabalho enquanto gráfico é um complemento ao de músico?
Sempre gostei da imagem ligada à música. Desde miúdo. Coleccionava flyers e posters. Tenho uma colecção fixe de bilhetes. Agora, os bilhetes são todos iguais. Perdeu-se esse lado criativo.
O título «Guitarra 66» remete para o ano em que nasceste mas também para «Route 66»...
Nasci em 66. Gosto do número. Conheço muita malta da minha geração que é porreira. Esse trocadilho é possível mas musicalmente não tem muito a ver. Teria mais a ver com o som bluesy dos Dead Combo.
O que é que gostavas de fazer que ainda não experimentaste?
Acho que descobri um caminho. Tenho uma maneira particular de tocar que é a minha. Gosto de experimentar coisas. Tanto fiz agora isto como surgiu, entretanto, uma ideia de fazer um disco com uma pessoa da electrónica. É um desafio para mim. Gosto do ecletismo.
Sentes nostalgia de ter uma banda de rock?
Sim, gostava de voltar a ter uma banda de rock mas as únicas saudades que tenho dos Lulu Blind são da união. Havia a banda e os amigos. Íamos beber copos juntos depois dos concertos. Não sou muito nostálgico mas esse problema há-de se resolver. Já tenho umas ideias na cabeça.
Seria possível subsistires da música exclusivamente enquanto músico?
Também ganho dinheiro da música mas não gostava de viver só da música. Gosto de estar ligado à imagem. Sempre gostei de ir a concertos, de ver bandas. Gosto de estar lá em cima e cá em baixo.
Enquanto melómano o que é que te entusiasmou nos últimos tempos?
Entusiasmou-me o Sean Riley, Gosto dos d3o, do (Legendary) Tigerman, do Norberto Lobo e do Mazgani. Continuo a ouvir punk, Napalm Death e rock pesado. Às vezes, a música já nem me diz tanto mas a técnica interessa-me.
O que é que te fez deixar o rock?
O cansaço de estar à espera das pessoas para ensaiar. Queria experimentar outros sons. Os Lulu Blind demoraram dez anos e eram mais uma terapia ou uma descarga de energia. A música tem um lado terapeutico para mim. Era uma forma de esquecer o dia a dia e continua a ser assim. Nunca vejo isto como uma profissão.
Que projectos tens em carteira?
Está para sair um disco ao vivo dos Dead Combo gravado no Hot Club. Continuo com o Tiago (Gomes) e o projecto On The Road. Este ano, trabalhei na imagem dos Xutos & Pontapés e sou responsável gráfica do Optimus Discos. Estou a trabalhar no grafismo do novo disco dos Legendary Tigerman e com o Festival Silêncio. Em Novembro, há-de sair uma história para crianças dos Dead Combo. É um livro com as nossas personagens. A história está escrita pelo Pedro Gonçalves e eu sou responsável pelas ilustrações. Falta-me uma coisa...ah já sei! Tenho que fazer a capa de um livro de terror que é um imaginário que me interessa muito.
E férias?
Sim, tenho uma semana em Agosto mas queria mais (risos).